Nos últimos dias de férias, estivemos hospedados na Pousada da Paixão, em Nova Jerusalém, município do Brejo da Madre de Deus / PE, a 200 km do Recife. Nesse local é encenado o espetáculo da Paixão de Cristo há quase 60 anos, considerado pelo Guinness Book como o maior espetáculo ao ar livre do mundo. Construída quase como um cenário a parte, os quartos da Pousada da Paixão ficam em corredores que em muito lembram as ruas da antiga Jerusalém.
A área do teatro possui 100 mil metros quadrados e é cercada por uma muralha de pedras de quatro metros de altura com torres de sete metros cada (veja foto abaixo), além de nove cenários-palcos.
No local, a vegetação é típica da caatinga e está bem conservada. Além da flora, alguns corpos d’água são responsáveis pela presença de 63 espécies de aves. Sei disso porque no ano de 2003 fui convidado pela EMPETUR como Biólogo para fazer um levantamento das espécies de aves daquela região. Nessa oportunidade, achei o lugar fantástico e queria muito dividir isso com a minha esposa Ana Carolina e minha filha Laura. Gostaria que elas desfrutassem da segurança, tranqüilidade e boa comida que o local oferece. Veja a nossa chegada!
Assim que Laura entrou em Nova Jerusalém, começou a correr de um lado para o outro (CORRER!!!), reforçando ainda mais a intenção de acordar cedo e esticar as canelas. Se correr é um vício, imaginem com a filha dando idéia... Olha como Laura tem jeito de corredora.

No segundo dia de férias, acordei às 5h da manhã e fui direto para o aquecimento. Comecei trotando a partir da estátua de Plínio Pacheco (o idealizador de Nova Jerusalém), localizada na parte mais alta do teatro. Esta estátua foi erguida para perpetuar a grandeza e a importância da obra de Plínio Pacheco. A escultura retrata Plínio a cavalo, empunhando um megafone e comandando o espetáculo da Paixão de Cristo.
Em seguida, passei em frente ao CENÁCULO, local onde é apresentada a “Santa Ceia”, quando Jesus despede-se de seus discípulos.

Depois de 30 minutos de corrida, em subidas e descidas, a primeira parada para descansar foi no PALÁCIO DE HERODES. Nesse cenário, Jesus é trazido para ser julgado e Herodes o devolve para Pilatos.
Em seguida, utilizo as estradas marginais à muralha que cerca Nova Jerusalém para correr em uma área mais plana. Parece até que eu estou correndo a Maratona da Muralha da China.
Encerro o meu treino passando pelo FÓRUM ROMANO DE JERUSALÉM. Aqui Pilatos solta Barrabás, lava as mãos e condena Jesus à morte. Esse cenário fica bem próximo à pousada e eu já estava sentindo o cheiro do café da manhã.
O nosso quarto ficava de frente para uma praça cheia de bancos de pedra, bem próximo do restaurante. Na foto abaixo, aguardávamos ansiosos pelo café da manhã. Enquanto isso, a máquina registrava a presença da família “Lins e Silva de Farias” no pedaço. A comida é um evento à parte. A pousada possui dois restaurantes com cardápios diversificados e jantares temáticos, mas, naquele momento, confesso que só pensava em uma tapioca bem fininha com uma xícara de café com leite.
No dia seguinte, antes da minha corrida vespertina, levamos Laura ao SEPÚLCRO para contar um pouco mais sobre a história de Jesus. Aqui ocorre a cena da Ressurreição de Cristo.
Antes do aquecimento, estava me achando o próprio Usain Bolt depois de bater o recorde mundial dos 100 metros rasos. É que o almoço foi algo excepcionalmente delicioso seguido de doce de leite com “gruguminhos” (feito com leite talhado) como sobremesa. Eu estava cheio de energia. Não se preocupem, aqui eu não estava pagando mico, a pousada estava vazia, éramos os únicos hóspedes. Só à noite é que chegou um grupo de Recife com 120 pessoas para participar do jantar temático. O clic abaixo foi de Laura utilizando uma câmera automática Sony e tripé. Esse cenário dourado ao fundo é o TEMPLO DE JERUSALÉM, onde “Jesus perdoa a mulher adúltera”.
Após o aquecimento, segui em direção ao local do CALVÁRIO, onde Jesus é pregado na cruz. Essa é uma das cenas mais emocionantes e mais lembradas pelo público em geral que assiste a Paixão de Cristo.
Sigo a luz dourada (fim de tarde), excelente para os fotógrafos. Ao fundo, é possível observar dois cenários-palcos, o CENÁCULO e o TEMPLO DE JERUSALÉM.
Aqui, depois de encontrar o por do sol, sigo para a parte alta do teatro. Lá seria realizada a última foto de corrida, algo que havia pensado desde o primeiro dia.
Fim de tarde, céu azul, luz dourada, fico no primeiro plano e a foto é feita de baixo para cima, dando a impressão que sou quase do tamanho da estátua de Plínio Pacheco (que tem 5 metros altura), atribuindo um efeito de poder ao personagem corredor. Nesse caso, foi utilizado um flash de preenchimento, garantindo que eu não me transformasse em uma silhueta escura na cena. Ana Carolina às vezes perde a paciência com tantas recomendações técnicas, mas a foto ficou legal.
"Quando os refletores se apagarem nas noites dos tempos, quando o calor dos aplausos se diluir no silêncio milenar dessas montanhas que nos circundam, quando nossos corpos, tão frágeis, se transformarem num pequeno punhado de pó, aqui estaremos, na memória e na história dos que ficam e nas lendas dos que virão." (Plínio Pacheco)
Encerro aqui a minha corrida de fé, na Pousada da Paixão, em Nova Jerusalém.